segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Wir gingen nach Berlin

Wir gingen nach Berlin ou em bom português: Nós fomos a Berlim! Na realidade a maior parte da Arka já tinha ido à capital germânica há uns tempos, somente alguns "tugas" que tiveram outros planos na altura, deixaram para depois tão aguardada visita! Eu, a Sílvia, a "Gabi" e o Hilário (vão deixar saudades, vocês os dois) juntámo-nos num carro alugado e partimos em direcção de mais uma aventura por terras estrangeiras.

Eu vou ser honesto... na altura em que cerca de 2 dezenas e meia de pessoas aqui na residência foram a Berlim, eu optei por não ir... por duas razões: primeiro porque achei uma viagem demasiado cara para uma tão curta distância e também porque pensei que não ia gostar da cidade, que outrora foi a capital do Império Alemão de Hitler e pensei que isso poderia se reflectir na cidade de forma negativa. Estou a viver num país que foi brutalmente devastado na segunda guerra mundial e partilho com este povo um sentimento de profunda reprovação perante a história e os responsáveis. Lembro-me de dizer uma vez: "eu se nascesse alemão, acho que tinha vergonha do meu povo". Hoje sinto-me imensamente imbecil perante tal frase e vou contar-vos porquê!
De volta à viagem... chegámos tardito, pois o senhor do aluguer do carro trocou-nos as voltas com o GPS e lá tivemos nós de nos servir de mapas para chegarmos ao destino. O dia já estava quase no fim e a noite a impor-se quando "aterramos" e por isso decidimos procurar um "i" ou, para os que ainda não sabem o que isso é, um "tourism point" (ponto de turismo). Encontrámos, depois de muito procurar, num centro comercial, onde nos deram mapas da cidade e nos aconselharam a visitar certos pontos, depois de saborearmos as originais Bolas de Berlim.
Decidimos
pôr as coisas no nosso Hostel que, em Berlim, parece ser o ponto de encontro de toda a gente estudante em Erasmus ou simplesmente gente estudantil que viaja para estas bandas: Generator! Devo dizer que o dito cujo é a todos os níveis fabuloso! Comemos um pequeno-almoço de rei, dormimos como príncipes e ainda deu para ficar a conhecer a existência de "free guides tours" ou seja guias que "mostram" a cidade a estrangeiros (como nós) e que não levam (pelo menos forçadamente) um cêntimo!
No segundo dia de Berlim, acordámos cedinho e seguimos para a Praça Paris, onde se juntaram todos os guias em questão (grátis ou não). Guias em espanhol, guias em francês, em alemão e em inglês! E devo dizer que "apanhámos" um guia impressionante e, se não fosse ele, muito certamente perderíamos imenso, senão quase tudo desta cidade! Um americano, que vivia em Berlim há dois anos e dizia ele "apaixonado pela cidade". E pela emoção que demonstrou em todas as descrições e informações que nos dava, bem que tinha razão! Foi o melhor guia que encontrei até hoje, que me fez ver Berlim e os alemães com outros olhos.
Na Praça Paris encontra-se a Embaixada dos EUA, da França, o Hotel Carlton (12.000 euros por noite na suite presidencial, mas... com direito a pequeno almoço), um banco com arquitectura "psicadélica" e as Portas de Berlim que aparecem nas moedas do Euro. Vimos o Parlamento, onde à noite subimos para ver a vista, o Memorial às vítimas da Tirania, o Memorial ao Holocausto, o Memorial aos Livros Queimados, a Torre da Antena (que é impossível não ver ao chegar a Berlim), o Check-Point Charlie, a Catedral, etc. Vimos tanta coisa e detivemos tanta informação que este blog não chegaria para contar tudo... e claro, o Muro de Berlim.
As Portas de Berlim têm no seu cimo cavalos conduzidos pela Deusa Victoria. Situa-se na Praça Paris, mas nem sempre esta praça se chamou assim... outrora, esta estátua foi roubada aos alemães pelos franceses (creio que pelo Napoleão) e anos mais tarde, os "donos legítimos" recuperaram-na e instalaram-na sobre a Praça que hoje se chama Paris, para que todo o mundo possa testemunhar a "Vitória sobre Paris"!
O Memorial às Vítimas da Tirania e da Guerra foi inicialmente chamado de Memorial às vítimas do Comunismo. Quando este se tornou parte do território comunista alemão, em meados de 1949, passou a chamar-se Memorial às vítimas do Fascismo. Mais tarde, após a reunificação da Alemanha, passou a chamar-se e, esperemos para sempre, Memorial às Vítimas da Tirania e da Guerra.
O Memorial ao Holocausto foi para mim uma surpresa. Podem haver pessoas que não entendam esta forma de arte, mas eu achei-a maravilhosa. Por muitas coisas... este Memorial está bem no centro da cidade, propositadamente junto aos grandes edifícios empresariais alemães, o que significa, que milhões de pessoas observam-no todos os dias... para que "ninguém se esqueça" do que ele significa.
O Memorial aos Livros Queimados estava sob a Week Fashion Show (desfile de moda) de Berlim, o que impossibilitava que os turistas pudessem ver o tão desejado monumento. Depois de uma "arrancada" conversa entre o guia e o segurança do evento (que não percebemos nada, pois foi em alemão), demos por nós a entrar por ali dentro e a vermos pessoas muito bem vestidas a comer caviar e a beber champanhe e nós... de gorros, casacos e calças de ganga com um ar inteiramente turista. Este monumento diz respeito aos livros que foram queimados durante a Segunda Guerra pelos Nazis e confere bem o que se perdeu... e o que não volta mais! Uma série de estantes vazias, para mais de 20.000 livros, jaz no seio de Berlim, bem à mostra de todos, não fosse a arte das "passerelles".
O Parlamento é igualmente bonito, vimos pelos tectos envidraçados as cadeiras onde os políticos se sentam para debater e, bem lá de cima, a vista sobre toda a cidade... este
edifício tem a sua história, bastante importante na Política Alemã e no erguer do Hitler ao poder.
O Muro de Berlim, que outrora foi a morte, por dentro e por fora, de tantas pessoas, está agora transformado num monumento à arte e ao espírito interior de todo o mundo. O Muro de Berlim é hoje uma coisa alegre, vistosa e imensamente bonita, algo que simbolizou tanto, também se transformou tanto. A revolta do mundo pelo que se passou há 70 anos é espelhada no cimento da agora "liberdade" e parte bem do fundo dos descendentes que a tornaram possível. É um grito de "basta", é um grito de "nunca mais", de "liberdade", dos alemães, dos estrangeiros, do mundo em geral.
Visitar Berlim, assim como muitos locais, mesmo 70 anos depois, é como viajar ao passado. Antes de partir para esta viagem, não percebia muito bem o que era o povo alemão e, como tal, ingenuamente e devido aos muitos filmes, livros e histórias que
fui sabendo, mergulhava numa ideia tão errada como estúpida de um povo que se mantinha algo estável. Ando a ler o Diário de Anne Frank e uma das passagens que lá existe é "Hitler roubou a identidade da Alemanha". A Alemanha não é Hitler, não é Nazismo, não é sequer política revoltosa, aliás nunca o foi. A Alemanha é um grupo de pessoas "libertas", cada uma diferente, e cada uma especial, aliás como nós próprios, como toda a gente. Hitler era alemão (embora tivesse nascido na Áustria), mas não era a Alemanha e isso, hoje, neste mundo onde há tantas pessoas diferentes, pelo menos numa coisa todos os sãs partilham: a ideia de que todos merecemos ser livres e todos temos direito à vida. E os alemães são os primeiros a gritar por isso!
Viva Berlim!!

3 comentários:

Nandita disse...

:) concordo em absoluto, rapaz! Berlim apaixonou-me, fiquei completamente rendida. Há uma memória fortissima, naquela cidade, e essa memória é a base para a construção de um futuro encantador... E também o nosso "guia" foi responsável por uma boa parte do meu amor pela cidade. Ouvir alguém que percebe e que ama a cidade muda tudo! Quando voltamos lá todos juntos? ;)

Anónimo disse...

...Saudades...

muitas saudades!

^_^'

PanPita disse...

Olá Pessoal!

Antes de mais parabéns pelo blog, pelo pouco que vi está bastante interessante. encontrei-o durante uma pesquisa no Google, pois em Setembro lá estarei eu em wroclaw a fazer Erasmus.
Por tudo o que tenho pesquisado nos últimos dias parece-me ser uma cidade super interessante, e ainda por mais está super bem localizada ( a menos de 4 horas de pelo menos 4 capitais europeias )

Queria só deixar uma pequena nota, estive em Berlim na primeira semana de Fevereiro, e também fiz a "free guides tours" e por acaso com esse mesmo americano =P

ele é um americano realmente apaixonado pela cidade! E não é para mais, eu partilhava exactamente da mesma opinião do jocasimo, e passado 1semana a viver em Berlim disse: "QUERO VIR VIVER PARA CÁ!!!"
APAIXONEI-ME REALMENTE!

depois tive mais 4 dias em Poznan, e conheci realmente o espírito tuga na Polónia =P
E apesar da frieza deles, também foi um país que me fascinou. Principalmente pela sua ascensão actual. ( e pelas lindas polacas =P )

como tal, gostaria que me dessem também algumas dicas, afim de saber mais ou menos o que me pode esperar por aí.

se preferirem mandem-me um mail